Alergias e Intolerâncias Alimentares

Como explicar toda a gama de manifestações clínicas das alergias e intolerâncias alimentares?
Vamos para isso fazer uma metáfora com as diferentes cidades do nosso país.

A maior porta de entrada do nosso corpo é nosso intestino. Se pudéssemos estender nosso intestino completamente, sua superfície equivaleria a uma quadra de tênis.

Vamos imaginar que o intestino seja o Rio de Janeiro, o “cartão de visitas” do país, mas que tem seus problemas. Que o nosso cérebro seja Brasília, onde fica o governo. Que o fígado seja São Paulo, a maior cidade da nação, nosso centro financeiro e econômico, assim como o fígado é o centro de nosso metabolismo.

Agora vamos imaginar que ocorra uma invasão bizarra no Rio de Janeiro, como por exemplo, por alienígenas ou por um monstro marinho, um Godzilla. Imediatamente a cidade entraria em caos total, se paralisaria e haveria fuga em massa. É o mesmo que ocorre com o intestino de uma pessoa com Doença Celíaca quando come um pedaço do inocente “pãozinho”, ou quando um alérgico à proteína do leite da vaca toma leite. Seu sistema digestivo entra no caos total.

Imediatamente, o Rio de Janeiro entraria em contato instantâneo com Brasília, que declararia estado de sítio, e alertaria todos os estados e capitais, reforçando o policiamento e a ação das forças armadas em todas. Da mesma forma, nosso intestino em caos, informará imediatamente ao cérebro através do nervo vago do caos instalado. Nosso cérebro coordenará uma série de respostas globais para nos livrar do problema. Poderemos ter ansiedade, que é a forma que o cérebro nos empurra para procurar soluções. Nosso cérebro, através de uma estrutura chamada hipotálamo, influenciará a produção de todos os nossos hormônios, e também nosso sistema imunológico.

A cidade de São Paulo sentiria o caos também de forma quase imediata, pois são cidades muito próximas geograficamente e economicamente. Da mesma forma, nosso fígado entraria em caos imediato. Tudo o que ocorre no intestino repercute no fígado, que dá o tom de todo nosso metabolismo. Assim, com as alergias e intolerâncias alimentares, a inflamação no intestino determina imediata inflamação e aumento da resistência insulínica no fígado.

Quais os resultados? Esteatose Hepática que pode evoluir para esteatohepatite e até cirrose!

Além do mais, o fígado, prejudicado na sua capacidade de produzir energia, deixa de exercer com perfeição, como por exemplo, a detoxificação de xenobióticos. Consequentemente, podemos nos tornar mais sensíveis a agrotóxicos, por exemplo. Ademais, muito menos comumente, bactérias podem atravessar a barreira do intestino inflamado, pois há aumento da permeabilidade intestinal, ou intestino permeável, e levar até a abscesso hepáticos.

O nosso sistema imune é como o exército. Está em toda a parte. Nessa situação de caos, poderíamos imaginar que nosso exército mandaria forças para o Rio de Janeiro, para combater o agressor, mas também para todo o país, incluindo nossas fronteiras e demais capitais. Da mesma forma, o caos no nosso intestino, ocasionado por alergias e intolerância alimentares, vai incentivar nosso sistema imunológico a aumentar a proteção em todos os nossos órgãos, incluindo a fronteira, que são nossa pele e superfícies mucosas. Isso explica porque alergias e intolerâncias alimentares podem vir acompanhadas de alterações na pele, como eczema atópico e urticárias; alterações mucosas como gengivite, rinite alérgica, sinusite alérgica, bronquite e asma; e alterações várias nos demais órgãos.

Ademais, parte dos sintomas das alergias e intolerâncias alimentares pode dever-se às lecitinas. A mais conhecida é o glúten. Mas há outras. As lecitinas são como que armas usadas pelas plantas para que sejamos inibidos de comê-las. Grande parte das lecitinas está nas cascas e sementes dos frutos, e nos grãos como o trigo e a soja. As plantas não querem que comamos seus filhotes, os grãos! Assim produzem as lecitinas. Lecitinas são tão poderosas que podem nos sensíveis atacar órgãos distantes. Assim, algumas lecitinas podem penetrar as células do nosso corpo e inativar nossos receptores de vitamina D, criando deficiência funcional de vitamina D. Outras como o glúten podem tornar nosso intestino hiperpermeável; penetrar nossa circulação, atacando nossa barreira hematoencefálica, por fim tornando nosso cérebro hipermeável. Consequentemente, podem ocorrer sintomas como ataxias cerebelares, ansiedade, distúrbios de coordenação motora e concentração.

Portanto, cuidem bem do seu intestino!

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